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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Saudades do Pipoca



Assim como ele chegou derepente.... ele se foi. Ficou por 4 meses 3 dias dias conosco.
Nesse período aprontou todas e mais um pouco - um serelepe.
Na semana passada neste horário estava abrindo junto com o meu irmão um buraco sob uma árvore de laranjeira, para ali repousar este pequenino e amado amigo.

Quando criei este blog o fiz pensando em descrever as peripécias deste filhote de Maltes que entrou na minha vida. Na verdade ele foi um presente para minha mãe, na tentativa de colocar movimento na vida dela, de tirá-la da depressão, para ela ter uma compania ou ter com quem se relacionar, alguém para se ocupar e preocupar além dela mesma...
E nas idas e vindas pelas estradas entre PR-SC o Pipoca ficou aqui comigo por quase um mês.
E me apeguei, me apaixonei por esta criatura... e no final, como a minha própria mãe dizia, o cachorro tava fazendo mais bem pra mim do que para ela.

E na semana passada no meio da tarde, um dia ensolarado, um dia lindo o Pipoca estava alegre, brincando, correndo, aprontando, latindo, abanando o rabinho e me olhando com aquele olhar doce dele.

Depois de ouvir um carro passar "voando" pelo corredor da garagem, sai para ver onde estava o serelepe Pipoca... e ele jazia deitado imovel no chão e logo percebi que ele estava sangrando. E assim ele se foi... pulando e brincando ao lado do carro de um homem imprudente e irresponsável que não respeitou o limite de velocidade dentro do condomínio.

A partida dele roubou o que de melhor estava acontecendo na minha vida... de imediato tive a sensação de que eu tinha perdido um grande amigo. Chorei compulsivamente como se uma parte de mim tivesse sido tirada. As lembranças que tive com ele, os momentos que passamos juntos, os passeios que fizemos, as brincadeiras diárias, a tentativa em vão de ensinar ele a fazer xixi no jornal... tudo deixou um vazio muito grande no meu dia.

No dia em que ele se foi, de manha ele estava puxando a fronha do meu travesseiro pra me tirar da cama, qdo levantei vi a bagunça que ele já tinha feito, mas como todo filhote ele só queria brincar.
E foi brincando que ele se foi... agora ficou vazio o espaço que o Pipoca ocupava na minha vida.
Esta era a minha primeira visão de manha... essa carinha carente e apaixonante me convidando pra sair da cama e brincar.
Ficou um silêncio ensurdecedor. 
Uma tranquilidade que tira a minha paz.... e sobretudo me deixa triste.
Ninguem além do Pipoca me sorria latindo e me recebia com tão grande alegria.
Que saudade daquela bolinha de pêlo.
Lendo as palavras do querido Pe Adriano Zandoná da Canção Nova, o acontecido começou a tirar a tristeza de mim e restou a lembrança e os bons momentos que vivemos juntos e tudo o que ele me ensinou e tudo o que ele me deixou.

#SAUDADE IMENSA

A palavra do amigo simplifica as coisas e descomplica as agitações dentro de nós…

Todo ser humano, em alguns determinados momentos de sua história, acaba se percebendo frágil e diante de notórias dificuldades. Isso é comum e próprio de qualquer experiência de existência. Contudo, é verdade que em momentos de ausência e fragilidade, algumas específicas presenças podem trazer um conforto único e todo especial para o coração.
O que acaba atenuando certas dores que experienciamos não é tanto a intensidade com que as mesmas acontecem, mas, a ausência de presenças que nos amparem e sustentem nesses específicos momentos. Não são tanto os problemas que realizam o ofício de nos destruir, mas sim a ausência de apoio e motivação diante deles, ou seja, a ausência de sadias e confortadoras presenças a nos encorajar diante dos obstáculos apresentados a nós pelas circunstâncias.
Quão bem faz ao coração o olhar e a presença de um amigo diante de um momento de dor. Mesmo que esse nada diga… apenas o olhar daqueles que nos amam já tem o poder comunicar a força de que necessitamos para a superação. Nesse encontro (amizade) as dores ganham um novo sentido, e o vazio é revestido por vida e presença.
Sem dúvida alguma, a experiência de interação e de uma sincera amizade é necessária e recomendável à saúde emocional de qualquer pessoa. O próprio Jesus fez questão de ter amigos e de cultivar intensamente Suas amizades, assim revelando a essencialidade de tal realidade.
Em Seus principais momentos, tanto de alegria como de tristeza, Ele teve amigos ao Seu lado com quais pode repartir o que vivenciava… pessoas que se tornaram os depositários de Seus silenciosos e profundos segredos de amor… segredos esses que foram posteriormente a nós revelados através desses fies depositários (os amigos de Jesus).
É preciso descobrir e cultivar a amizade, mesmo diante de desencontros e diferenças, pois essa bela experiência tem a força de nos libertar do egoísmo e de nos completar de forma extremamente realizadora e significativa.
A palavra do amigo descomplica nossas agitações, desmistificando nossos fantasmas e assim revelando a inverdade dos medos e ilusões que insistimos em fabricar. A presença dele (amigo) torna até o sofrimento suportável e uma fonte crescimento e maturação. O seu olhar tem o poder destruir o mal em nós, fazendo nascer no coração uma singela esperança.
Quando não temos amigos (pessoas) com os quais partilhar o que somos e experienciamos, tudo acaba se tornando mais confuso e pesado para nós. A verdadeira amizade nos dá possibilidade de termos fardos mais leves, pois partilhados com pessoas que nos conhecem e para os quais não precisamos constantemente nos justificar.
Precisamos viver sem receio essa rica e profunda experiência. Contudo, não poderemos eleger como “amigos” aqueles que, de fato, não o são e que não nos levam para o bem, pois ao contrário colheremos a decepção e a insatisfação como fruto dessa irrefletida escolha.
É preciso assumir na própria história os amigos que verdadeiramente são amigos estabelecendo com esses uma profunda interação, onde se dá e se recebe, onde falamos e também somos capazes de escutar. Assim nossa vida será mais completa e as dores mais possíveis de se enfrentar, pois, toda a ausência presente no ser poderá ser perenemente preenchida, acompanhada por olhares que nos compreendem e que escolheram em nós acreditar.
Vivamos sem medo essa linda experiência!

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